A gestão do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), iniciou nesta segunda-feira (8) o enfrentamento a um novo desafio: manter o funcionamento parcial das atividades econômicas ao mesmo tempo que tenta manter um alto nível de isolamento social para evitar o aumento da transmissão da covid-19.
Com a nova etapa da flexibilização, que entrou em vigor na segunda-feira, a expectativa era que cerca de 824 mil pessoas saíssem às ruas para trabalhar, ou 92% dos empregados da capital. Mas a prefeitura reforçou que o isolamento social deve ser seguido à risca, para evitar o aumento da transmissão da covid-19. O afrouxamento das rígidas medidas que impediam a abertura das lojas, conforme especialistas, não significa que a vida voltou ao normal.
Pelo contrário, as regras sanitárias, como o uso de máscara e o distanciamento social, nunca foram tão importantes como agora. “Além disso, só se deve sair de casa quando necessário”, reforça o infectologista Unaí Tupynambás, que integra o Comitê de Combate à Covid na capital mineira.
Secretário Municipal de Saúde, Jackson Machado enfatiza que flexibilizar significa uma exposição maior ao vírus. Por isso, para que a cidade não regrida e volte a fechar o comércio – ou decrete um lockdown (bloqueio total) – a população vai ter que manter o isolamento social. “Esses cuidados devem ser incorporados à nossa vida. Provavelmente, vamos passar anos tomando esses cuidados”, disse.
Na segunda-feira, 11 setores comerciais voltam a funcionar e, com eles, mais 15 mil moradores que estavam em casa desde o dia 20 de março retornam ao trabalho. A medida foi tomada em meio ao avanço do novo coronavírus na cidade e após forte pressão dos empresários.
A Prefeitura garante que se baseou em critérios técnicos e bem planejados para afrouxar as regras. “Preservação da vida com o menor impacto possível da economia”, definiu Machado na última sexta-feira, durante o anúncio da flexibilização.
Além do aumento da população circulando nas ruas, também cresce a quantidade de veículos transitando. Somente no transporte público, são cerca de 15,2 mil viagens por dia. Para evitar que surtos da doença ocorram no trajeto de casa para o trabalho, alguns cuidados têm que ser seguidos. “Não falar no ônibus, não cantar e não assoviar, porque isso vai aumentar a transmissão”, ensinou o médico e professor da UFMG.
Por determinação do prefeito Alexandre Kalil, os coletivos que circulam pela capital devem oferecer álcool em gel aos passageiros. A falta do produto rende multa de R$ 539,50. Os ônibus devem também informar a distância de segurança a ser respeitada pelos usuários.