O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), admite que é pré-candidato ao governo de Minas Gerais, mas ressalva que não é hora de fazer campanha e alerta que até mesmo pode não concorrer ao cargo, dependendo da situação da cidade no próximo ano. “Vamos ver o que vai acontecer até lá. Falta muita água pra passar debaixo dessa ponte”, advertiu em entrevista à colunista Bertha Maakaroun, do jornal Estado de Minas, publicada na segunda-feira (28).
Sobre o cenário eleitoral nacional, Kalil lembrou à jornalista que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, vem enfatizando que o partido terá candidato próprio à Presidência da República. O prefeito destacou ainda que o partido tem vários nomes para apresentar. “Temos o Ratinho Júnior (governador do Paraná), temos o próprio senador Otto Alencar, temos o Omar (Omar Aziz, presidente da CPI da Pandemia). Temos um monte de nomes. E temos um, que não é do partido, mas seria uma terceira via ótima, que é o presidente do Senado (Rodrigo Pacheco). Por que não?”.
Veja a seguir trechos da entrevista de Kalil ao Estado de Minas:
Qual será a opção do senhor entre Lula e Bolsonaro, já que o senhor não tem admitido apoio eventual a Lula. Ao mesmo tempo, o senhor aceitaria no plano estadual apoio do PT para concorrer ao governo de Minas?
Olha, apoio eu quero de todo mundo. Do Novo, do PT, do PDT, do PSB. Apoio, quero apoio de todos, está certo? Do PSL…
E numa eventual disputa entre Lula e Bolsonaro?
Eu me dou ao direito, inclusive, de ficar neutro. Pelo que eu disse. Quem veio me ajudar aqui na minha campanha, na minha reeleição? Vocês tiveram notícia do Bolsonaro aqui ou do Lula.? Por que sou obrigado a não cruzar os braços e dizer: “Vota em quem quiser, gente”. Por quê? Ninguém me ajudou, ninguém me empurrou.
Recentemente, Fernando Haddad (ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo) esteve em BH. Qual foi a pauta da conversa?
Fernando Haddad esteve aqui, Carlos Siqueira, presidente do PSB, esteve comigo. O (Carlos), presidente do PDT, Lupi esteve comigo. Todos que vierem… Se Bolsonaro vier aqui ou me convocar, vou lá. Está certo? Se o Lula vier aqui vai ser muito bem recebido.
Mas a política tem circunstâncias. Uma circunstância possível seria esse cenário de polarização, e aí é uma situação em que é pouco provável que um candidato ao governo de Minas vá ficar neutro…
Eu me dou ao direito de ficar neutro, porque os dois tentaram puxar o meu pé aqui. Posso chegar e falar: “Não, não vou ficar neutro não”. E qual a força que eu tenho? Isso tem de ser medido também. Parece que o apoio do prefeito de Belo Horizonte pode mudar o cenário nacional. Até para isso tem de ter autocrítica. O que vai mudar se eu apoiar um ou outro? Entendeu?
Em abril, o sr. brincou dizendo que “conversa com Bolsonaro, só se for com sinal de fumaça”. Houve algum tipo de diálogo com o presidente?
Ele não me atende, uai. Outro dia ele citou, quando perguntaram para ele “você persegue o Kalil”. Ele disse assim: “Porque ele fechou muito a cidade”. Uai, mas não era motivo pra ter raiva de mim não. Foi recebido duas vezes aqui. Uma vez veio ele e a turma dele toda com fome, tive de pagar do meu bolso pão de queijo pra ele aqui.
Isso foi em 2018?
Foi quando ele era candidato a presidente. Foi recebido duas vezes aqui.
O presidente então brigou com o sr. porque tomou medidas de enfrentamento à pandemia?
Só pode ser.
Qual é a racionalidade desse comportamento do presidente?
Nenhuma. Nenhuma. Uma descortesia para com um prefeito de uma capital importante como Belo Horizonte.
Em sua avaliação, o presidente tomou medidas para conter a pandemia, para dar exemplos de enfrentamento?
Não, não. Gastou dinheiro e muito. Mas se tivesse tido uma posição não negacionista, acho que estaríamos melhor hoje.
Se o presidente vier aqui para fazer motociata o sr. vai multá-lo?
Eu já falei para ele, inclusive via imprensa, para não vir. Tá certo? Nós cuidamos muito da cidade, né? Eu cito sempre essa frase: “Muito ajuda quem pouco atrapalha”