Hoje, o governo de Romeu Zema completa 100 dias e, infelizmente, não há muito o que comemorar. É fato que não fui aliado do partido Novo nas eleições de 2018, mas as divergências eleitorais encerraram-se em outubro do ano passado.
O governador ainda não assumiu a postura de chefe do Executivo, faltando a ele a sensibilidade para entender as necessidades dos mineiros, especialmente daqueles que estão em situações mais vulneráveis. Enaltece economicidades em minúcias que deveriam ser obrigação de todo gestor público, mas por ele apontadas como virtudes pessoais. O que realmente importa, que é a melhoria de vida da população mineira, está ficando de lado.
Na visão de um empresário, talvez seja viável encerrar as aulas em tempo integral para 111 mil alunos em Minas Gerais, já que há a necessidade de economizar recursos da merenda escolar, que no Tempo Integral custa 0,001% do orçamento do Estado. Para boa parte dessas crianças, é a refeição que falta em casa, tendo em vista que esse modelo de ensino é aplicado em áreas em condições de vulnerabilidade social. E não é apenas ‘a comida’ que importa. Tenho dito por onde passo que são os investimentos em educação que melhorarão as condições de vida do nosso povo. Dessa forma, o Governo de Minas está caminhando na contramão das necessidades dos mineiros.
Dado constante no Plano de Governo protocolado pelo Novo no TSE, para registro da candidatura de Zema, aponta que o terceiro ano do ensino médio da rede estadual tem sido insatisfatório e abaixo do ideal de 6 pontos do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Não será tirando o aluno da escola que se fará com que essa realidade mude. A solução está lá dentro das escolas, com melhoria na qualidade da educação ofertada na rede estadual de ensino em todos os níveis. Em todos os países que prosperaram, que tiveram acentuado crescimento econômico, tal desenvolvimento precedeu-se de grandes investimentos na área de educação.
Devemos trabalhar para que haja mais investimentos na formação e valorização dos professores, oferta de atividades extracurriculares dirigidas e orientadas, conciliadas com uma grade curricular satisfatória, aulas de reforço especialmente em ensino de disciplinas básicas, como português e matemática. É necessário também que se invista em ações mais amplas, como no envolvimento das famílias na rotina escolar das crianças, uma discussão que envolve outras pastas, especialmente a de Desenvolvimento Social. E, sim, merenda também é importante!
Sabemos que o ‘cobertor é curto’ e que há necessidade de se promover redução de gastos, mas jamais podemos aceitar que os investimentos na formação das nossas crianças e jovens fique descoberto e seja considerado como “economia”. Estamos falando do futuro, da melhoria de condições de vidas daqueles que temos, por obrigação, formar para que sejam adultos conscientes do seu papel na sociedade, que tenham censo crítico e que sejam agentes transformadores dessa triste realidade que o nosso País vive. É para isto que continuaremos lutando.
Cássio Soares
Economista, deputado estadual em Minas Gerais pelo PSD. Líder do Bloco Liberdade e Progresso na Assembleia de Minas. Foi secretário de Estado de Desenvolvimento Social (2012-2014).