Com o índice de retransmissão do novo coronavírus em queda, assim como o de ocupação de leitos de enfermarias para doentes com covid-19, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), convocou entrevista coletiva na quarta-feira (9) para anunciar a volta parcial às aulas presenciais no ensino fundamental, a partir do próximo dia 21, e também a ampliação do horário de funcionamento de bares e restaurantes.
“Nós estamos flexibilizando justamente porque o vírus está encontrando um adversário, que é a vacina. Nós estamos com taxas que permitem tudo isso. E podemos estar na semana que vem fechando a cidade inteira”, ressalvou Kalil.
As aulas do ensino fundamental para crianças de 6 a 12 anos, da rede pública e particular, serão retomadas no dia 21 deste mês, após a vacinação dos professores. As escolas da rede particular de educação infantil retornaram às aulas presenciais no dia 26 de abril. Já as escolas municipais para a mesma faixa etária voltaram em 3 de maio.
O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, disse que, na volta dos alunos às escolas, as aulas ocorrerão duas vezes por semana, com microbolhas de seis alunos, que vão permanecer três horas na escola.
Para o médico infectologista Unaí Tupinambás, os riscos da retomada de aulas presenciais para crianças maiores são menores que os benefícios. “A crise econômica, social e educacional é tamanha que talvez o benefício da flexibilização, principalmente das escolas, pode ser maior que o risco. O ideal era o país de um modo geral enfrentar a pandemia de forma mais assertiva”, afirmou.
Kalil também anunciou mudanças no funcionamento de bares. A partir de agora, esses estabelecimentos vão poder funcionar de 11h às 22h, de segunda a sexta-feira. Há um mês, eles vinham funcionando até as 19h. E, somente no Dia dos Namorados, no sábado (12), o setor vai poder funcionar até 1h da manhã. Ainda não está permitida a música ao vivo. “Estou tentando puxar o saco deles, porque eles estão com a cara muito feia pra mim. Mas eu não tenho medo de pressão, de hacker, nem de buzina”, falou, fazendo referência a um ataque de hacker ao sistema interno da prefeitura, que ocorreu na terça-feira (7). O ataque não prejudicou os serviços, segundo a prefeitura.
O infectologista Estevão Urbano disse que, apesar de a flexibilização levar em conta a realidade só de Belo Horizonte, há regiões de Minas com situação bastante crítica, como a Sul e Oeste. E que pacientes do interior vêm procurar leitos na capital. Por isso, a ocupação hospitalar, segundo ele, não acompanha a redução do número de transmissão por infectado. “Hospitais privados de Belo Horizonte, principalmente, têm tido aumento da procura de pessoas do interior. Isso dificulta que a queda do RT seja acompanhada da queda de ocupação nos hospitais, que têm que atender a demanda de fora”, disse Urbano.
A transmissibilidade do novo coronavírus está em 0,94 em Belo Horizonte, indicando que, no panorama atual, 94 pessoas ficam doentes, em média, a cada 100 infectados na capital mineira. Nas enfermarias, a quantidade de leitos ocupados por pacientes com covid-19 diminuiu. A taxa, que era de 62,2% na segunda-feira, diminuiu para 61,6% na terça. A ocupação dos leitos de UTI, porém, voltou a subir na terça. O indicador saiu de 75,7% para 76,6%, permanecendo pelo 102º dia consecutivo na zona crítica da escala de risco.
O secretário Jackson Machado enfatizou que a cidade está preparada, caso haja uma “terceira onda”. “Caso haja impacto de uma terceira onda, nós estamos preparados para enfrentá-la”, disse.