Explosão de casos força novo fechamento em Belo Horizonte

Diante da explosão de casos e mortes em decorrência do coronavírus, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), decidiu recuar no processo de reabertura do comércio. A partir da próxima segunda-feira (29), apenas serviços considerados essenciais poderão abrir as portas. “Quando fui alarmista, quando avisei que o bombardeio ia chegar, todos os aproveitadores de plantão usaram muito isso contra mim. Então, quero avisá-los que o bombardeio chegou à nossa cidade e nós vamos tentar controlá-lo”, disse o prefeito.

A medida foi anunciada na sexta-feira (26) para reduzir a propagação do novo coronavírus e conter a crescente demanda por internações no sistema público de saúde. Segundo boletim epidemiológico divulgado na sexta pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), a capital mineira tinha 4.977 casos de covid-19, dos quais 109 resultaram em mortes. Na quinta-feira (25), 85% das unidades de terapia intensiva dedicadas a pacientes em estado grave da doença estavam ocupadas.

A medida foi tomada em conjunto pelo prefeito e os especialistas do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da COVID-19 na capital mineira. No processo de tomada de decisão, foram analisados três indicadores principais: o número médio de transmissão por infectado (Rt) e as taxas de ocupação de UTIs e leitos de enfermaria específicos para pacientes com a doença.

Apenas supermercados, farmácias, laboratórios, clínicas, hospitais e demais serviços de saúde situados no interior de shopping centers, centros de comércio e galerias de lojas poderão funcionar.

Na entrevista coletiva em que anunciou a decisão de voltar atrás na flexibilização das atividades econômicas, Kalil pediu desculpas “a todos aqueles que respeitaram tanto este isolamento neste momento. Humildemente, peço à população de Belo Horizonte: vamos respeitar a ciência, vamos respeitar o que deu certo no mundo inteiro. Não há outro caminho. Estamos em descontrole? Não. Segundo fui informado pela equipe da covid-19, não. Mas podemos chegar perto do colapso ou do descontrole”, completou o prefeito.

Em Belo Horizonte, o processo de distanciamento social para evitar a propagação do coronavírus teve início em 18 de março. A partir daquela data, apenas serviços essenciais puderam funcionar. E assim foi por quase 70 dias, período no qual a cidade conseguiu controlar os números de infectados (1.434) e óbitos (42).

Diante do bom desempenho e da relativa folga no sistema de saúde, a prefeitura iniciou o processo de reabertura do comércio em 25 de maio. Foi liberado o funcionamento de salões de beleza (exceto clínicas de estética), shoppings populares e comércios varejistas.

A partir de 8 de junho, a administração municipal decidiu ampliar o processo de flexibilização das normas de isolamento. A medida liberou o funcionamento de lojas de diferentes ramos do comércio e incluiu quase 92% dos empregos. A reabertura, porém, causou rápido aumento casos e mortes em decorrência do coronavírus, além de aumentar a demanda por internações na rede pública de saúde.