Os números são muito grandes e a responsabilidade não é menor: 148 milhões de brasileiros estão se preparando para eleger 60 mil prefeitos, vices e vereadores de 5.570 cidades. Não mais em outubro, como era até agora, mas em novembro – e sem chance de passar de dezembro –, para que os eleitos possam, segundo rege a Constituição, tomar posse em 1o de janeiro de 2021. Atentos à sua missão partidária de esclarecer e orientar seus filiados, o PSD e a Fundação Espaço Democrático disponibilizam no site nacional do partido, e nos sites estaduais, informações sobre as eleições e orientações no campo jurídico.
Como presidente do partido e, entre outros cargos e mandatos, como ex-vereador e ex-prefeito de São Paulo por dois mandatos, acompanho o dia a dia destas eleições. Muito especiais porque iniciam uma grande reforma política com a proibição das coligações nas disputas proporcionais. A expectativa é que essa mudança irá causar a diminuição do número de legendas. Calcula-se que das mais de 30 atuais elas ficarão em uma dezena dentro de poucas eleições.
Aguardemos e prossigamos na luta! Trata-se de uma batalha aguerrida, pois ainda temos pela frente esse cruel novo coronavírus, tudo indicando que, mesmo resistente, não impedirá a caminhada dos eleitores em direção às urnas. Nas últimas eleições municipais, o PSD elegeu 539 prefeitos. E a nossa luta agora é aumentar o número de prefeitas e prefeitos, vereadores e vereadoras em todo o país.
Enfim, teremos um novembro de grandes emoções. Estaremos todos em busca do voto seguro e eficiente, como desejamos que seja a vacina que vem por aí. Os dois até que podiam entrar vitoriosos em 2021. Seria uma vitória da ciência e outra do cidadão, que busca administradores e legisladores municipais comprometidos com a qualidade de vida da população. E que, empossados, irão somar esforços com Estados, União, Congresso e poderes institucionais para levar o Brasil avante.
E é nas cidades, onde a vida realmente acontece, que se materializam, se cristalizam as desigualdades e os efeitos da crise econômica. É nas periferias que os problemas da educação, do desemprego que assusta, do saneamento insuficiente, da saúde que precisa de reforço… é aí que prefeitos e vereadores têm de enfrentar e solucionar problemas sociais e econômicos que, em cada cidade, impactam o dia a dia das pessoas.
O PSD, como partido independente, de centro, unindo esforços com diferentes forças políticas, já provou que isso é possível. Com união e responsabilidade, o Congresso e o Governo Federal viabilizaram, por exemplo, a reforma da previdência, o novo marco legal do saneamento básico e os auxílios emergenciais.
É possível, e é preciso, fazer mais. As reformas tributária e administrativa vêm aí. E não existem soluções perfeitas. Tudo vai exigir reflexão, equilíbrio e decisão de somar esforços. Nada da velha política do “nós contra eles”, “se não pensa como eu, é meu inimigo”.
A procura do consenso, do possível, é uma arte. E uma necessidade. Principalmente em crises como esta. A economista e socióloga inglesa Beatrice Webb (1858-1943) tem uma reflexão importante a respeito do mundo polarizado (Humberto Mariotti, livro “Pensamento Complexo”, ed Atlas, pág 48) e joga luz sobre conflitos que nos parecem insuperáveis:
“No mundo natural” – e também no universo da política, me atrevo a acrescentar – “não existe competição pura, nem cooperação pura. Existem competição e cooperação, ora prevalece uma, ora prevalece a outra. Toda comunidade, humana ou não, pressupõe antagonismos e cooperação. Quando a dinâmica entre esse dois polos se rompe, a convivência se torna incontrolável e precisa ser imposta por via autoritária, se mostrará portanto insustentável”. (…) “Governos sem oposição não se sustentam. O mesmo vale para a cooperação sem competição. E vice-versa. A unilateralidade sempre leva à insustentabilidade e à desorganização”.
O autoritarismo, as autocracias e governos arbitrários, sem foco, geram políticas públicas confusas, contradições administrativas, por vezes perdem o rumo e a serenidade. A convivência democrática é complexa, gera burocracia, adiamentos e discussões. Mas, mesmo assim – se estamos realmente buscando soluções, fluência administrativa, bons resultados para o município, o Estado ou o País – não podemos desistir.
Soluções, convergências e consensos surgem mesmo quando parecem incontornáveis. E sempre serão fruto de muito esforço, equilíbrio, diálogo e civilizada convivência. Mesmo – e principalmente – diante de uma grave crise econômica – e de uma pandemia a ser nocauteada.
Seguindo os princípios do Partido, com lideranças independentes para votar sempre na melhor solução, nos melhores projetos que realmente ajudem a tornar nossos municípios, Estados e, enfim, o Brasil num país menos desigual.
Nesta campanha, este é o nosso caminho. Esta é a nossa orientação, conduta. De São Paulo a Araguainha (MT) – respectivamente o maior (8.986.687 eleitores) e o menor colégio eleitoral (1.001 eleitores) do Brasil.
Vale ressaltar, mais uma vez, que nessa disputa, democrática e civilizada, adversário não é inimigo. E que a mortandade causada pelo vírus devastador possa despertar nas potências atingidas o espírito da fraternidade. O mesmo que criou a ONU logo após a segunda guerra mundial, para evitar novos genocídios.