Em entrevista à Agência Câmara, o novo líder do PSD naquela Casa defende independência do Legislativo em relação ao Executivo, mas garante apoio às principais metas do governo Jair Bolsonaro. Cumprindo o sexto mandato como deputado federal, André de Paula (PSD-PE) assume a liderança do partido pela primeira vez. Da bancada de 35 deputados, 20 são reeleitos e 15 vão estrear na Câmara. André de Paula garante o apoio do PSD principalmente às propostas que ajudem na superação da crise econômica e do desemprego no Brasil.
Veja a seguir os principais trechos da entrevista.
Como será a relação do partido com o governo Bolsonaro?
Nós não somos um partido oficialmente da base do presidente Jair Bolsonaro, mas há uma grande disposição da bancada de ajudar o governo, de ajudar o País. Temos convicção de que, ao longo desse ano, essa Casa vai se transformar em um grande fórum de debates: reforma da Previdência, reforma tributária, algumas matérias que dizem respeito a costumes, a questão das armas.
Haverá consenso para votar essas propostas?
O processo eleitoral já se encerrou. O povo já escolheu quem vai governar e quem fará oposição. Serão dois anos de intensos debates e aquela radicalização que a gente viu na campanha – eu não tenho dúvida nenhuma – vai se reproduzir aqui na Casa. Vamos precisar, mais do que nunca, de um presidente (da Câmara) que exerça uma liderança serena, que tenha credibilidade e que encontre apoio em todas as forças políticas que estão nesta Casa.
O PSD já declarou apoio a algum candidato à presidência da Câmara?
Eu já tive a oportunidade de votar 10 vezes para presidente da Câmara e entendo que nunca uma eleição fosse tão importante quanto essa de agora. De todas as virtudes do presidente Rodrigo Maia, talvez a mais necessária neste momento seja a liderança que ele exerce na Casa há três anos e que o credencia. Rodrigo não é uma aposta. Ele tem a capacidade de montar uma ampla aliança em torno da sua candidatura, que vai do PC do B ao PSL. Ele tem a capacidade de fazer com que as minorias que estão na Casa tenham vez e voz. E ele tem capacidade também de pautar as matérias importantes para o País.
Uma das prioridades do governo é a reforma da Previdência, qual a posição do PSD sobre esse tema?
Nós não vamos sair dessa crise econômica, não vamos voltar a crescer, não vamos responder a esse desemprego que bateu na nossa porta se não enfrentarmos a reforma da Previdência, a reforma tributária e as privatizações. Elas são determinantes para que a gente possa sair dessa crise econômica. A reforma da Previdência é polêmica, mas de certa forma já avançamos. Percebo que já há consenso na sociedade sobre a necessidade da reforma, o que pega é sempre qual reforma as pessoas querem.
Os desdobramentos da crise política e econômica da Venezuela e seus reflexos no Brasil preocupam o partido?
Essa é uma questão que tem um reflexo brutal no nosso País, porque temos fronteira e os venezuelanos que chegam em volume grande causam uma certa desordem, sobretudo aos Estados que estão ali. Há quem ache que essa crise possa ser resolvida rapidamente, mas há aqueles que, como eu, entendem que não é tão fácil assim. Os desdobramentos dessa crise e os reflexos econômicos serão amplamente discutidos aqui e o Congresso deve ter uma posição proativa.