ARTIGO: Por mais representatividade e efetiva participação dos negros na política

Apesar de presenciarmos inúmeras discussões e avanços nas políticas públicas no que diz respeito à participação de pessoas da raça negra em várias áreas, ainda esbarramos em uma baixa representatividade dessa parcela da população em cargos de decisão na política e também em cargos gerenciais de empresas. De acordo com a pesquisa do IBGE realizada em 2020, a participação de pretos ou pardos em cargos gerenciais de empresas é de 29,9%. Em contrapartida, no Brasil, 55,8% da população brasileira é negra.

No Brasil, temos, desde 2010, a Lei 12.288/10, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, com o objetivo de garantir para a população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância. Apesar dos avanços significativos, ainda estamos longe do ideal.

As eleições de 2020 tiveram a maior proporção e o maior número de candidatos negros já registrados pelo TSE. Além disso, pela primeira vez desde que o tribunal passou a coletar informações de raça, em 2014, os candidatos brancos não representam a maioria dos concorrentes às vagas eletivas. Cerca de 215 mil candidatos eram pardos e aproximadamente 57 mil eram pretos. Juntos, pretos e pardos são considerados negros, segundo classificação utilizada pelo IBGE.

As eleições de 2020 foram um marco nesse avanço que tanto buscamos. Tivemos cerca de 272 mil candidatos negros, ou seja, 49,9% de todos os concorrentes. Já 47,8% desse total se autodeclararam brancos, o que equivale a 260,6 mil candidatos. Essa foi, também, a primeira vez que uma eleição teve mais candidatos negros que brancos.

Os números são positivos, porém ainda temos baixa representatividade quando os dados das eleições de 2020 são analisados por cargo disputado, uma vez que os brancos ainda são maioria entre os candidatos para prefeito e vice-prefeito. Eles são 63% dos candidatos a prefeito e 59% dos candidatos a vice. Os brancos só não são maioria na disputa para vereador: 47%.

O nosso objetivo, ao criarmos o PSD Afro em Minas Gerais em junho de 2021, foi o de promover a igualdade de direitos e oportunidades, bem como a inclusão social para garantir maior representatividade nos quadros do partido. Vamos dar voz e vez a todos dentro de um partido político com tantas lideranças. É preciso políticas públicas efetivas de inclusão e igualdade voltadas para as causas raciais e também de gênero. Vamos garantir igualdade de direitos e oportunidades por meio de um trabalho ativo e participativo voltado para a informação das pessoas e a participação efetiva do negro no processo eletivo.

Sabemos que a representação negra no parlamento é muito reduzida e seguiremos trabalhando para garantirmos mais representatividade no processo político brasileiro. Vamos abrir espaços para todas as lideranças que temos, nos níveis municipal e estadual, para mudarmos essa realidade.

Alexandre Silveira – Presidente do PSD-MG

Marlúcio Cássio da Silva – Coordenador do PSD Afro de Minas Gerais